domingo, 21 de agosto de 2011

Parte VIII

Ana encarou a irmã sem acreditar.
- O que houve? Perdi a conexão, senti que você estava aflita.
- Não há tempo. Precisamos acabar logo com isso.

Ainda sem entender o que acontecia, deixou-se ser erguida pelo braço e colocada diante da fogueira.
Observou Amália soltar do próprio corpo o braço que lhe envolvia a cintura. Uma mão trêmula surgiu apertando três saquinhos que amarrados um ao outro, sacudiam como se fossem uma única.
Ana voltou a cantar, rodopiando em torno da fogueira e do próprio corpo, enquanto Amália terminava de preparar o altar para então juntar-se a ela nos cantos e na dança.
Ana inquietava-se com a ausência de cor na cara de Amália mas já percebeu que não deveria perguntar mais e sim prosseguir.



Parte VII

Amália corria.
O rosto voltado para trás a impedia de ver o caminho a sua frente. Precisava ter certeza de que não seria localizada. O tempo seria o suficiente para realizar o ritual e então fugir junto com a irmã.

Percebeu a cortina de força ao adentrar a clareia. O ritual estava pronto. Ainda bem, pensou, Ana deixou tudo pronto.
Levou a mão até o peito e respirou com os olhos fechados pro três segundos. Levantou a cabeça e localizou Ana prostrada cobrindo o rosto. Amália correu até a irmã e tocou seu ombro.
- Vamos, precisamos terminar rápido.

Ainda...

me supreendo com a babaquice das pessoas.
Acredito ser por esperar demais, esperar aquilo que eu faria. Ou idealizar talvez.
Mas vamos lá, o tempo supera tudo.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Parte VI

Algumas ervas precisavam estar frescas no momento do ritual.
Ana esperou o momento certo para a colheita. Juntou galhos, toras de madeira e seguiu o caminho de volta para a clareira.

Preparou a fogueira entoando os cânticos iniciais.

Olhou ao redor a procura de Amália. Ela não deveria ter saído daqui, e sim terminado de aprontar o altar, pensou. Onde esta menina se enfiou?

Em pensamento, chamou pela irmã e sentiu a aflição de Amália pelo próprio coração disparado. Ana levou a mão sobre o peito e rodou em torno do próprio corpo, completando a volta por um lado e novamente pelo outro.
Ofegante, varreu o entorno da floresta.
Nem sinal de Amália.

Espíritos, divindades e elementos evocados. Ana não poderia deixar o altar para sair em busca da irmã.

AMÁLIA, AMÁLIA. Gritou em seus pensamentos, sem resposta.
Caiu de joelhos ao lado da fogueira. O coração batendo tão depressa que era possível ver o vestido tremer sobre o peito.
Vigiava as entradas da clareira esperando Amália aparecer.
As mãos de Ana tremeram ao tentar se armar com uma tocha acesa. A arma caiu e o fogo se espalhou criando uma linha a partir da fogueira e circulando toda a clareira, fechada com o círculo de proteção feito de sal que Ana preparara pouco antes de acender a fogueira. Ana, pelo susto, caiu sentada para trás.
AMALIA.
Não conseguia pensar em nada que a deixasse naquele estado. Não a calma Amália.
AMALIA.
O coração de Ana agora estava disparado por si só. Não sentia mais a irmã.
Temeu o que pudesse ter ocorrido com Amália. Nunca haviam perdido a conexão antes.
Receou que acontecesse o mesmo com ela.

Parte V

Em um golpe certeiro, pegou as sacolinhas e grudou o corpo na árvore. Concentrou sua atenção no som  e avaliou se o caminho de volta estaria seguro para uma corrida. Voltou-se na direção a estrada. Não viu ninguém. Concluiu que daria tempo.

Amalia saiu em disparda floresta a dentro.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Parte IV

Amália se abaixou, depositando a bolsa de couro surrado no chão. Retirou um pequeno pote no formato de um caldeirão e quatro frascos de vidro contendo líquidos coloridos.

Despejou o conteúdo dos frascos no caldeirão iniciando pelo amarelo, seguido pelo vermelho, novamente o amarelo. Então foi a vez de todo o líquido preto e outra vez o amarelo. O líquido branco, e por último, o que restou do amarelo.

Remexeu na bolsa. Procurou, tateando sem olhar o interior. Tocou o próprio corpo enquanto varria o chão ao redor. Fez uma nova tentativa dentro da sacola.
Nada.

Levantou-se e correu, entrando na trilha pela qual chegou na clareira.
Estava lá, caído no chão próximo a uma árvore.
Três trouxinhas amarradas, largadas ali. Devem ter caído quando troquei de um tronco para o outro.


Agachou-se para apanhar o material, mas parou com a mão poucos centímetros antes de alcançar seu objetivo. Seus ouvidos apurados alertaram-na, pessoas se aproximavam pela estrada que contornava a floresta.
Amália levo a mão às costas e sussurrou o mantra. Viu as palavras virarem fumaça após sair de sua boca. Estava sem a capa, não poderia se misturar nas árvores.

Parte III

Ana escolheu a clareira.
As folhas levadas pelo vento suave pousaram sobre a terra agora mansa e Ana emergiu de braços abertos. A brisa cessou ao seu redor.
O espaço não era grande, mas o suficiente para a realização do ritual.
Contemplou o céu do entardecer, em tons de rosa e azul.

- Perfeito! - Amália proclamou.

Ana voltou-se para a irmã com o indicador sobre os lábios, pedindo silêncio. Amália concordou com a cabeça e espelhou o gesto.
Enquanto a irmã se desfazia da capa, Ana observava o vestido azul celeste no corpo de Amália. Saias longas, corpete marcando a cintura e a blusa cigana por baixo. Amália sacudiu os cabelos que caíram negros e longos contornando-lhe o rosto até a cintura. Afastou-se rumo a parte oeste da floresta ao ver a bolsa que a irmã trazia atravessada no peito.


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Parte II

Ana chegou e percebeu que a irmã já estava a sua espera, embora não a visse. Ergueu-se do chão, e folhas e terra escorreram de sua capa.
Pensou no nome da irmã e assim, a chamou três vezes.
Não demorou para ver Amália descolar-se da árvore.
Ana fitou a irmã, sussurraram seus mantras e sumiram.

A terra coberta por folhas e as árvores levavam uma leve brisa pela floresta a dentro.

Aproveitar que estou embalada hoje

Parte I

A data era especial. O primeiro dia de lua cheia e o primeiro dia do ano novo.
Momento perfeito para invocar a magia do tempo.
Momento perigoso, quando a linha entre a vida e a morte não existe.

Amália olhou o início de entardecer. Beijou o filho que dormia. Vestiu o capuz e escondeu uma bolsa sob a capa.
Parou na entrada da floresta. Encostou, misturando-se a uma árvore antiga cuja vestimenta era da mesma cor. Sussurrou duas palavras e apenas a árvore seria vista.


Seguem as considerações

Vou seguir o estilo de um amigo em suas postagens...hihi

Ela já passou da fase de gostar de quem não gosta dela. De querer quem não a quer. De virar o mundo tentando mostrar o quanto é interessante além de um rosto bonito. Meter os pés pelas mãos para se fazer enxergar.

Ela já perdeu muito tempo procurando os sinais que mostrassem uma realidade diferente daquela bem na sua frente. Procurando detalhes nos gestos. Buscando atitudes sutis indicativas  de que as coisas não era bem como pareciam. de que o sentimento real estaria nestas indicações. E esta esperança impulsionava o sentimento a continuar, a tentar, a buscar a reciprocidade...
Que nunca veio.
Nunca, em nenhum momento. Por lado nenhum...

A menina acreditou que não passava de um rosto bonito. Sendo assim, o melhor a fazer é aproveitar o que tinha e se divertir. Não se preocupou mais com sentimentos. Nem os dos outros, nem os próprios.

Até que se apaixonou sem querer. E se entregou sem questionar. E se magoou até não aguentar.

Jurou levantar e sair com sua dignidade intacta.
Ficou em paz, trilhando seu caminho.

E o tempo a puxou de volta.
Novamente emoção. Distraída, voltou a procurar aqueles sinais sutis.
Se enganou.
Se magoou.

Estava ocupada demais para se envolver. Mas se envolveu.
Mas, como tudo tem seu lado bom, digo.
Aproveita que a agenda está lotada. Tem muitos eventos para se preocupar, muitas coisas para fazer. Vai ser fácil esquecer...
Então, ela me respondeu: Não quero estar apaixonada.
Já ouviu que amigos verdadeiros podem passar longos períodos sem se falar e jamais questionar esta amizade?
Que quando eles se encontram, independente do tempo e da distância, parece que se viram ontem e nunca guardam mágoas ou rancor?

Graças ao bom Deus, tenho alguns amigos verdadeiros. E quero dizer que AMO MUITO vocês.

Hoje conversei com uma amiga antiga pelo Skype. Adoro nossas conversas.
Falávamos dos tempos de adolescente e de faculdade.

Engraçado foi que ela me disse, só agora, coisas que nem imaginava serem desta forma.
E no final, disse-me uma frase com a qual iniciarei um próximo post.
Fiquei pensando no que ela falou e por isso resolvi publicar minhas considerações. Sei que ela gostar das teorias. Hahaha.


Ausência

Olá.
Sei que ando sumida nos últimos dias. Quer dizer, no último mês.
Nem a trilha sonora tenho conseguido colocar.
Não posso culpar a correria porque não é este o caso. Pelo menos não ainda.
É a obra em casa que tem tomado meu tempo, minha paciência e meu bom humor.
Mas agora parece que finalmente acabará. Poderei voltar para casa e retomar a tão doce rotina.

Aí sim, poderei culpar a correria, caso não consiga atualizar as postagens.

Com esta história de reforma, toda a minha programação virou uma bagunça e final das contas, não consegui nada.

RESULTADO: ATRASADA. Toda atrasada.

Agora que as coisas aparentemente acalmaram, estou me empenhando em produzir o máximo que meu cérebro permitir a cada dia.
E como não sou a maior fã de café, haja guaraná natural e madrugadas.